terça-feira, 19 de agosto de 2008

Deixe ir ...

Porque é tão difícil deixar para trás lembranças, memórias, dores, sentimentos que não voltam mais? Despedir-se é sempre muito doloroso ...

"Meu coração embora finja fazer mil viagens, fica batendo parado naquela estação ..." (Adriana Calcanhoto)

"Existem momentos assim na vida, de corte, de conclusão. A perda pode vir por uma circunstância externa, como no caso da morte de alguém querido, uma demissão, uma separação repentina, um acidente. Mas pode também ser decorrente de um processo em que a decisão final depende de nós. De qualquer forma, nos dois casos, temos de nos despedir. E esse processo dói. Deixar ir embora faz parte da existência, tanto quanto começar um ciclo novo. Só que, em diferentes graus, todo ser humano tem dificuldade de colocar um ponto final." (Fernanda Ceccon - Revista Vida Simples).

É verdade ... A reportagem da revista me chamou a atenção para isto. Temos uma imensa dificuldade de seguir em frente ... o que é especialmente doloroso no caso da perda de alguém querido, especial ... neste contexto entendo todas as singularidades e metáforas religiosas e o quanto elas são importantes para nós seres humanos. Embora não tenha a perspectiva religiosa que a maioria das pessoas têm, independente de qual religião, não consigo imaginar como a humanidade lidaria com uma noção de finitude ... de acabou, não tem mais ... Morreu mesmo. Minha mente um pouco mais direta e lógica não constrói a mesma teia universal sobre Deus e sobre a realidade humana ... Ou como diria a personagem de Jodie Foster em "Contato" (Filme baseado do livro homônimo de Carl Sagan): "... o que é mais factível, que uma entidade superior tenha criado tudo, com bilhões de diferenças e deixado todos imaginar como e jogado fora as fórmulas ou nós, humanos, em nossa necessidade de não nos sentirmos sozinhos, desprotegidos, desamparados, tenhamos criado ao longo dos séculos a noção da existência de algo maior para nos agarrar, para nos proteger, para que a vida não acabe quando ela biologicamente termina ... Para que sejamos eternos, imortais ... Tal é o nosso medo da morte, da finitude a que todo ser vivo quando nasce já está automaticamente condenado ..." (Tá certo, ela não disse bem assim ... Mas eu entendí por aí ...)

Sentimos saudade de tudo ... de todos ... e de nós mesmos até (Ai que saudades eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida (Meus oitos anos - Casimiro de Abreu) ...). Nos esquecemos que ao nos preocuparmos tanto com a saudade de outros tempos ... nos esquecemos de viver EM TODA A PLENITUDE, O HOJE, O AGORA ... e depois sentiremos saudades ...

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