sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O melhor final para Caverna do Dragão


Quem tem mais de 25 anos com certeza se lembra do desenho animado "Caverna do Dragão". 

O desenho, baseado em um jogo de RPG chamado "Dungeons & Dragons" contava a saga de jovens e adolescentes que haviam ido parar em um mundo mágico e perigoso, repleto de criaturas mitológicas  e monstros, mas que haviam sido "adotados" como pupilos de um mago misterioso, o "mestre dos magos", que havia lhe entregado armas e personagens (arqueiro, cavaleiro, bárbaro, mago etc ...), afinal era um Rolling Player Game ...

Só que no Brasil quase ninguém sabia o que era RPG na época (depois piorou um pouco, pois muita gente passou a associar RPG a magia negra, rituais satânicos, etc ... E até recentemente um julgamento de um assassinato envolvia um suposto ritual de RPG). 

As tarefas iam se multiplicando e se revezando, enquanto o objetivo parecia sempre tão perto e tão distante: O sonhado retorno para casa, representada pela visão deslumbrante do parque de diversões, sempre iluminado e envolto em um céu azul, com o carrossel e a roda-gigante girando ... 

Uma metáfora quase perfeita da felicidade utópica, que tanto perseguimos e não percebemos o quanto é maravilhoso o caminho, a trajetória que fazemos ... Não percebemos que é no caminho que mora a felicidade.

A história é simplesmente fantástica. As metáforas, a simbologia, a personificação do mal (O Vingador ), a dubiedade do "Mestre dos Magos" ... Os papéis se revezando entre o nobre (arqueiro) e o covarde (cavaleiro) ... As estórias mitológicas humanas, vistas sobre outros prismas (Caixa de Pandora ... Mérlim ... ) ... Versões não faltaram: "Eles morreram e aquilo lá era o inferno ...", dizem uns ... "O Tiamat (o grande dragão de sete cabeças, mais apocalipitico impossível) na verdade era um anjo, que nunca atacava eles e lutava contra o Vingador (O mal estereotipado)", dizem outros ... Enfim.

Mas a estória ficou sem um fim ... E isso só contribuiu para colocar Dungeons & Dragons na história da cultura popular dos anos 80 ... Nunca será esquecido, principalmente, por quem como eu se "frustrava" a cada episódio com as esperanças dos meninos e meninas desfeitas, tão perto de chegar em casa ... 

Hoje em dia, eu (e quase todos os que assistiram a esta maravilha) compreendo a lição ... Revendo os episódios no YouTube, pude sentir o gostinho de poder voltar no tempo, de entender o processo, o aprendizado ... a revolta, o desespero dos personagens ...

Talvez por tudo isso ... Quando me deparei com uma animação simples, mas muito engraçada feita por um Brasileiro sobre a série, mostrando um final para mesma, eu tenha ficado tão feliz ... Ao mesmo tempo que me matei de rir, de tão engraçado que ficou (claro, só para quem realmente assistiu ao desenho e trás na memória toda a dinâmica dos personagens) ...

Divirtam-se com este maravilhoso momento no vídeo abaixo ...









Be Happy ... Always!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A última que morre ...

Não ... Não é sobre a sogra que vou escrever ... Estou falando deste sentimento simples que nos faz seguir adiante. Já percebeu que mesmo que não sejamos exatamente esperançosos, o simples fato de continuar tentando é a demonstração da esperança que temos nas coisas?

Já perdi as contas das inúmeras vezes que parei de fazer uma determinada coisa ou adiei (ou pior procrastinei mesmo) um projeto importante, uma tarefa, coisas realmente importantes, por desânimo, por preguiça, por achar que não valia à pena. Mas mesmo neste casos, uma hora ou outra retomei aquela coisa. E o que dizer das pessoas que não têm perspectivas, não vislumbram melhores horizontes, não têm aquela sensação (mesmo ilusória, na maioria das vezes) da grande virada um dia, que vai "se dar bem" ou que vai ser mais feliz, depois dos "estudos", quando se formar, ou daqui há alguns anos ... depois de muito trabalho ... depois do casamento, etc ... o que faz essas pessoas seguirem em frente?

A esperança em dias melhores, em melhores condições de vida, em ser mais feliz, em conseguir se curar de uma doença, etc ... sempre foi um dos motores mais explorados da sociedade. A publicidade explora isso, as religiões exploram isso, os governos exploram isso ... As pessoas precisam disso. Quantos imigrantes cruzaram oceanos por este motivo?

Mas ... esta esperança toda se concretiza? Na maioria das vezes não. Ao menos não naquilo em que foi idealizada. O que acontece é que, na maioria das vezes, ou temos que nos consolar com menos do que esperávamos, ou temos de aceitar a perda, a derrota, mesmo mantendo a esperança de melhores dias.


Afinal, o que resta à pessoa sem esperança? Em nome deste sentimento e da necessidade de poder continuar mantendo esta esperança, a maioria prefere se iludir, se enganar, porque a realidade não é digna de ser vivenciada e encarada por ninguém.

Isto explica o Brasil por exemplo. Temos um dos piores IDH do mundo. Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo (Os Romanos e seus cobradores de impostos são fichinhas perto do que temos que pagar no Brasil ... Robin Hood nenhum resolveria isso aqui). As taxas de juros no Brasil são absurdas, o analfabestismo (principalmente o funcional, ou seja, pessoas que não se consideram analfabetas mas não consegue nem ler embalagem de biscoito e interpretar minimamente o que está escrito) é assustador, a bagagem cultural da população é praticamente nula. Mas, alguém duvida da felicidade do Brasileiro, da carga de esperança que o Brasileiro carrega, da disposição de encarara financiamentos a longo prazo a uma taxa de juros absurda, para comprar uma TV LCD de 52 polegadas e ver os absurdos da nossa programação de TV aberta, ou comprar um carro 1.0 pelado, do tipo "bateu-morreu" em 72 vezes ... Mas, com isso realizar os seus sonhos de consumo ...

Afinal ... "O Brasil é o país do futuro" e quem é "Brasileiro não desiste nunca". Mas a quem interessa esta cultura do "tá ruim mas tá bom"? Por que será que o Brasileiro não pode perder a esperança? Será que é por que um povo sem esperança e desiludido é mais propenso a se revoltar? Será que o controle das massas com a falsa sensação de felicidade coletiva não é a maneira encontrada (e convenhamos tem sido muito eficiente) de controlar, manipular e satisfazer o povão, as massas (que passam nos projetos do futuro)?

"Admirável gado novo" este nosso povo.