quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A última que morre ...

Não ... Não é sobre a sogra que vou escrever ... Estou falando deste sentimento simples que nos faz seguir adiante. Já percebeu que mesmo que não sejamos exatamente esperançosos, o simples fato de continuar tentando é a demonstração da esperança que temos nas coisas?

Já perdi as contas das inúmeras vezes que parei de fazer uma determinada coisa ou adiei (ou pior procrastinei mesmo) um projeto importante, uma tarefa, coisas realmente importantes, por desânimo, por preguiça, por achar que não valia à pena. Mas mesmo neste casos, uma hora ou outra retomei aquela coisa. E o que dizer das pessoas que não têm perspectivas, não vislumbram melhores horizontes, não têm aquela sensação (mesmo ilusória, na maioria das vezes) da grande virada um dia, que vai "se dar bem" ou que vai ser mais feliz, depois dos "estudos", quando se formar, ou daqui há alguns anos ... depois de muito trabalho ... depois do casamento, etc ... o que faz essas pessoas seguirem em frente?

A esperança em dias melhores, em melhores condições de vida, em ser mais feliz, em conseguir se curar de uma doença, etc ... sempre foi um dos motores mais explorados da sociedade. A publicidade explora isso, as religiões exploram isso, os governos exploram isso ... As pessoas precisam disso. Quantos imigrantes cruzaram oceanos por este motivo?

Mas ... esta esperança toda se concretiza? Na maioria das vezes não. Ao menos não naquilo em que foi idealizada. O que acontece é que, na maioria das vezes, ou temos que nos consolar com menos do que esperávamos, ou temos de aceitar a perda, a derrota, mesmo mantendo a esperança de melhores dias.


Afinal, o que resta à pessoa sem esperança? Em nome deste sentimento e da necessidade de poder continuar mantendo esta esperança, a maioria prefere se iludir, se enganar, porque a realidade não é digna de ser vivenciada e encarada por ninguém.

Isto explica o Brasil por exemplo. Temos um dos piores IDH do mundo. Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo (Os Romanos e seus cobradores de impostos são fichinhas perto do que temos que pagar no Brasil ... Robin Hood nenhum resolveria isso aqui). As taxas de juros no Brasil são absurdas, o analfabestismo (principalmente o funcional, ou seja, pessoas que não se consideram analfabetas mas não consegue nem ler embalagem de biscoito e interpretar minimamente o que está escrito) é assustador, a bagagem cultural da população é praticamente nula. Mas, alguém duvida da felicidade do Brasileiro, da carga de esperança que o Brasileiro carrega, da disposição de encarara financiamentos a longo prazo a uma taxa de juros absurda, para comprar uma TV LCD de 52 polegadas e ver os absurdos da nossa programação de TV aberta, ou comprar um carro 1.0 pelado, do tipo "bateu-morreu" em 72 vezes ... Mas, com isso realizar os seus sonhos de consumo ...

Afinal ... "O Brasil é o país do futuro" e quem é "Brasileiro não desiste nunca". Mas a quem interessa esta cultura do "tá ruim mas tá bom"? Por que será que o Brasileiro não pode perder a esperança? Será que é por que um povo sem esperança e desiludido é mais propenso a se revoltar? Será que o controle das massas com a falsa sensação de felicidade coletiva não é a maneira encontrada (e convenhamos tem sido muito eficiente) de controlar, manipular e satisfazer o povão, as massas (que passam nos projetos do futuro)?

"Admirável gado novo" este nosso povo.

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